sábado, 30 de maio de 2009
Ali Mazloum e as marionetes
ECOS DA SATIAGRAHA
A turma de Dantas se revela nos autos do processo contra Protógenes
Já não é o caso de ficar estarrecido. Em muitos aspectos, a vida republicana do Brasil superou em técnica as melhores comédias pastelão. Chaplin, Buster Keaton, Alberto Sordi? Amadores. Que tal uma leitura dos autos do processo que levou o juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal de São Paulo, a acatar a denúncia por vazamento contra o delegado Protógenes Queiroz?
Desde fevereiro, quando Mazloum suspendeu o segredo de Justiça do processo, Daniel Dantas moveu suas marionetes para, como sempre, tentar confundir as ações judiciais contra ele e seu banco, o Opportunity. Em três meses, o processo foi inundado por petições da turma do banqueiro. Esse frenesi peticional parece ter influenciado bastante o despacho final de Mazloum.
Entre os peticionários está o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), líder da bancada do orelhudo no Congresso. A OAB, por intermédio do advogado Davi Teixeira de Azevedo, saiu em defesa de Nélio Machado, ex-defensor de DD e mais uma suposta vítima do “Estado policial”.
Azevedo foi advogado de Regina Yazbek, ex-mulher do empresário Luís Roberto Demarco, desafeto de Dantas. Regina ordenou o roubo de e-mails de Demarco e os entregou ao Opportunity. Dantas chegou a anexar parte dessa comunicação particular em uma disputa judicial travada contra o desafeto nas Ilhas Cayman, mas logo o retirou dos autos para não ser acusado de interceptação ilegal de comunicação. O banqueiro acabou condenado pela alta corte britânica, em outro caso, por falsificação de documentos.
Machado e o próprio Dantas fizeram suas intervenções. A maior parte das petições teve como base duas fontes muito confiáveis: o site Consultor Jurídico, que tem por hábito confundir as funções de informativo e assessoria de imprensa, e Diogo Mainardi (a respeito, recomenda-se a leitura de “O Caso Veja”, de Luis Nassif, na internet). Quando se trata do orelhudo, não existem coincidências.
Mazloum comete, digamos, algumas imprecisões em seu despacho de 25 de maio que se encaixam convenientemente na tese de Dantas. Em uma delas, mostra-se espantado com um procedimento corriqueiro em uma investigação, ligações entre o delegado, o juiz e os promotores. Estranho seria se falassem com os investigados.
“O fato de existirem telefonemas entre os procuradores, o juiz e o delegado que funcionam em um processo não é motivo para lançar suspeição sobre a lisura da conduta dessas autoridades, uma vez que tais contatos são necessários para o esclarecimento acerca de medidas requeridas no curso de investigações”, disse, em nota, Antonio Carlos Bigonha, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República.
Leia também:
A pedidos: quem é o Juiz Ali Mazloum
PHA faz pergunta ao Ministro da Justiça sobre o Juiz Mazloum
quinta-feira, 28 de maio de 2009
A farsa do argumento sobre habeas corpus para pobres no STF
MOVIMENTO SAIA ÀS RUAS
A assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal cria factóides para tentar melhorar a manchada imagem do seu Presidente.
Pouco depois do protesto em frente à sede do Tribunal, a sua página na internet estampava:
'Ministro da Suprema Corte dos EUA diz que Judiciário brasileiro já é reconhecido internacionalmente'.
No dia 22 de maio, quase uma quinzena depois do protesto do Movimento Saia às Ruas em frente à sede do STF, divulgou que boa parte dos habeas corpus deferidos pela Corte seria em favor de pessoas de baixa renda.
Trata-se de uma ofensiva na guerra para mobilizar a imprensa em uma agenda pró-Gilmar Mendes.
Ocorre que o mais alto magistrado dos EUA não conhece a realidade da justiça brasileira e jamais faria uma declaração pública desabonadora a respeito dos delicados temas que põem em suspeita a sua credibilidade.
Perguntas que não querem calar
Quanto aos habeas corpus deferidos às pessoas de baixa renda, tudo leva a crer que se trata de uso indevidos dos números com finalidade de criar um fato na imprensa.
Quantos pobres tiveram seus habeas corpus analisados no plantão?
Quantos pobres tiveram seus habeas corpus deferidos tarde da noite?
Quantos pobres gozam de prisão domiciliar?
A estatística não permite comparar o tempo para julgamento habeas corpus, nem a matéria.
Tratamento desigual entre pobres e ricos
A verdade é que, para julgar o caso dos ricos, as Súmulas são alteradas, ou excepcionadas. As discussões jurídicas são vastas, e a fundamentação minuciosa. As discussões nos processos dos poderosos são: 1) se vai abrir o processo; 2) se vai responder em liberdade depois de condenado; 3) se vai cumprir a pena em casa.
Os processos dos ladrões de galinha se iniciam depois que eles já estão presos. Discute-se: 1) se eles devem continuar presos, mesmo sem qualquer denúncia, depois de vencido o prazo para o Ministério Público formalizar a acusação; 2) se eles devem continuar presos por excesso de prazo no julgamento do processo; 3) se a acusação é tão insignificante que o Judiciário não deveria perder tempo com isso.
A diferença é radical e é o retrato da forma desigual como a Justiça trata ricos e pobres. A notícia na página oficial do Supremo Tribunal Federal mascara essa realidade, com o fim político de apoiar o seu cambaleante Presidente.
A forma de enfrentar esse grave problema é discuti-lo francamente e de público. A assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal, no interesse direto do seu Presidente, prefere esconder essa questão debaixo do tapete.
O Supremo Tribunal Federal não é a causa dessa injustiça, que tem razões profundas. Seus ministros se esforçam para compensar essa desigualdade, e atingir a verdadeira Justiça.
Ao contrário dos demais Ministros, o atual Presidente tem clara parcialidade em favor dos poderosos e contra os movimentos sociais.
O sentido e a simbologia de suas falas e ações, contrárias ao recatamento que exige a Lei da Magistratura, são todos contra a evolução da Justiça, na defesa explícita de uma posição retrógrada, preconceituosa contra os hipossuficientes e generosa com os ricos.
A sociedade não tolera mais essa postura que destrói a credibilidade do Judiciário e pede, como primeiro ponto, o afastamento de Gilmar Mendes.
A seguir, cópia do email recebido por Paulo Henrique Amorim, publicado em sua página, e que demonstra não se cuida de uma análise isolada:
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O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail de amigo navegante:
Caro Paulo Henrique,
Acabo de me deparar um verdadeiro jogo de espelhos, uma farsa midiática bem nas headlines do site do STF. Na realidade, trata-se de uma tentativa de purificar (ou beatificar) a imagem de seu Presidente, continuamente atrelada a propósitos muito pouco republicanos (mas não foi ele mesmo que idealizou o pacto republicano?).
Ou seja, a notícia, usando como mote “o STF” como um todo, tenta converter é a imagem de Gilmar (autor intelectual da matéria) de advogado de Dantas em um São Francisco de Assis da magistratura. Ele ensaiou esse discurso na sabatina da Folha.
A tática é um amálgama da filosofia de Rubens Ricúpero (“…o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde…”) com o ilusionismo a la Issao Imamura. Sem bem que o ilusionismo, aqui, não chegou a tal sofisticação.
Veja a notícia (encomendada por Gilmar) que está no site do STF:
STF concede 35% dos habeas corpus analisados. Quase 30% em favor de pessoas de baixa renda
Da totalidade de habeas corpus que puderam ser conhecidos (quando o mérito do pedido é analisado) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2008, 34,7% tiveram o pedido concedido. Ao todo, no ano passado, foi analisado o mérito de 1.024 habeas corpus. Desses, 355 foram deferidos. Outros 669 foram indeferidos.
No universo desses habeas corpus concedidos (estatísticas), um dado chama atenção: a quantidade impetrada pela Defensoria Pública e pela própria pessoa que se diz vítima de um constrangimento ilegal, isto é, alguém sem defensor legal constituído. Encaixam-se nessas categorias 27,4% do total de pedidos concedidos, fato que comprova a tese de que o acesso à Justiça para os cidadãos de baixo poder aquisitivo está sendo ampliado.
Fundamento para concessão
A principal causa de concessão dos habeas corpus em 2008 foi a deficiência de fundamentação na decretação da prisão cautelar de alguém que responde a crime perante a Justiça (20,6%), seguida do chamado “cerceamento de defesa”, que ocorre quando algum direito processual do acusado é suprimido (9,6%).
Em terceiro lugar, está a aplicação do princípio da insignificância, quando o potencial ofensivo do ato é levado em conta para descaracterizar o crime (8,8%). O “princípio da insignificância” é um preceito que reúne quatro condições essenciais para ser aplicado: a mínima ofensividade da conduta, a inexistência de periculosidade social do ato, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão provocada.
Depois desses três motivos, outros que mais resultaram em deferimento de habeas corpus no ano passado foram os seguintes: excesso de prazo da prisão (30), impossibilidade da prisão civil do depositário infiel (27), violação ao princípio constitucional da presunção de inocência (24), a não concessão do direito de progressão de regime para condenações por crimes hediondos (17) e a extinção da punibilidade, quando desaparece o poder do Estado de punir uma pessoa por determinado crime (13). Um exemplo de extinção da punibilidade é a prescrição do crime.
(Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=108521)
Aos truques:
. Curiosamente, a notícia somente menciona habeas corpus “que puderam ser analisados”, ou seja, que foram avaliados no mérito. Não sou um expert em estatística, mas algo está escandalosamente errado. Perguntemos à assessoria de imprensa de Gilmar, digo, do STF: do universo de habeas que chegam ao STF, quantos buscam tutelar pessoas de baixa renda (dado não fornecido)? Qual o percentual de pessoas de baixa renda, diante do total de habeas não foram analisados (dado não fornecido)? Só fragmento de informação é muito feio…
. Como costuma dizer o Mino Carta, pergunto aos meus atônitos botões: e na parte dos avaliados e indeferidos, qual o percentual de pessoas de baixa renda (dado não fornecido)??? Só fragmento de informação é muito feio, caro Gilmar e assessores…
. A própria notícia do STF, se interpretada num sentido inverso, admite que 70% dos habeas concedidos protegem a liberdade de pessoas da classe média e alta. Isso guarda proporção com a realidade criminal brasileira, Paulo Henrique ??? Indago, uma vez mais: quem representa hoje a parcela amplamente majoritária da “malha penal”? Sim: os de baixa renda. E ainda assim, 70% dos habeas são concedidos a quem…?
. Cabe, ainda, indagar aos comunicadores da Corte Suprema/Gilmar, antes que a beatificação seja concluída: nas suas décadas de história, podem nos ajudar apontando em qual julgamento (informar o número, por gentileza) alguém de baixa renda (pra continuar na expressão usada pelo próprio STF) conseguiu que a Corte o concedesse dois habeas em 48h? Ah, o precedente deve ter, ainda, os seguinte ingredientes: passar por cima de instâncias inferiores (algo que a própria jurisprudência do STF nos casos “normais” rechaça com veemência) e de súmula do próprio Tribunal (nº 691), com direito a pedido de informações pelo telefone?
É inegável, Paulo Henrique, que o STF, hoje, avança na qualidade (fundamento jurídico) das decisões em matéria penal (em detrimento do que já foi). Por outro lado, é de se reconhecer que, por uma falha estrutural, uma desigualdade enraizada no tema do acesso à justiça, há mais dificuldades por parte de desfavorecidos socialmente de ascender à instância máxima. Mas isso não invalida nenhum dos absurdos apontados. Até porque, não tenhamos dúvida: se esses outros dados confirmassem a proposição (STF e Gilmar agem de maneira equânime), todos os dados seriam expostos.
Reconheça-se avanços onde eles existem . Contudo, elaborar um maldoso jogo de ilusionismo, para se pintar uma imagem de Tribunal dos pobres, é duvidar da inteligência da opinião pública.
Sobretudo quando esta matéria não quer promover a imagem do Supremo (o que seria perdoável). Quer, ainda que de forma camuflada, beatificar seu Presidente (quem a encomendou), torná-lo um São Francisco de Toga, ou seja: quer a própria quadratura do círculo, como certa vez disse Michel Villey, filósofo do direito.
Esta notícia do STF, Paulo Henrique, não sei bem por que, me lembra Tom Zé: “Eu tô te explicando é pra te confundir…”
Abraços,
(O autor é: Mestrando em Direito Público; Especialista em Ciências Penais; Professor de Processo Penal - PHA)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Procuradores respondem a Mazloum e a Dantas
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público esclarecer, em razão da matéria intitulada Juiz transforma Protógenes em réu por vazar Satiagraha, publicada na edição desta terça-feira (26/5) do jornal Folha de S. Paulo, que o fato de existirem telefonemas entre o Procurador da República, o Juiz Federal e o Delegado de Polícia Federal que funcionam em um processo não é motivo para lançar suspeição sobre a lisura da conduta destas autoridades públicas, uma vez que tais contatos são necessários para o esclarecimento acerca de medidas requeridas no curso de investigações criminais.A ANPR ressalta que o Ministério Público é o titular privativo da ação penal pública, do que decorre a necessidade de acompanhar de perto o desenvolvimento das investigações policiais, sendo a atuação dos Procuradores da República pautada em princípios constitucionais, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, no estrito cumprimento do dever funcional.Brasília, 26 de maio de 2009. Antonio Carlos BigonhaPresidente da ANPR
Gilmar Mendes gastou R$ 114 mil em diárias desde 2008
27/05/2009 - 08:03 - Congresso em Foco
O Supremo Tribunal Federal (STF) pagou ao presidente da Casa, Gilmar Mendes, R$ 114.205,93 em diárias de viagem nos 13 meses de sua gestão. Isso significa que, passado um mês da metade de seu mandato, Gilmar recebeu praticamente quatro vezes o total acumulado por sua antecessora, a ministra Ellen Gracie, nos 24 meses em que ela dirigiu a corte. Em dois anos, o STF gastou R$ 31.159,90 com despesas de hospedagem, locomoção e alimentação em viagens nacionais e internacionais da ministra.
Na média mensal, o atual presidente recebe aproximadamente R$ 8.700 em diárias, seis vezes o valor registrado a cada mês por Ellen, R$ 1.300. Apenas nos cinco primeiros meses deste ano, o Supremo repassou a Gilmar mais do que havia destinado à ministra em seus dois anos de gestão.
Leia a reportagem completa no Congresso em Foco
terça-feira, 26 de maio de 2009
Coordenação do ato em São Paulo
domingo, 24 de maio de 2009
Indicação para CNJ põe partidos contra Mendes
Felipe Recondo
A disputa por uma vaga no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) provocou um conflito entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e as lideranças do DEM e do PSDB no Senado. Mendes é acusado de tentar interferir na escolha pelo Senado de um integrante do CNJ. E acabou despertando a insatisfação dos dois partidos da oposição que sempre o apoiaram.Os líderes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), bancaram a indicação do advogado Erick Pereira para a vaga. Tiveram o apoio de outros líderes, como Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aloizio Mercadante (PT-SP) - que retirou seu apoio recentemente. Esperavam não encontrar dificuldades para aprovar a indicação no plenário.No entanto, depois de ter declarado que não tomaria partido nessa disputa, o presidente do STF conversou com senadores e defendeu a candidatura de outro candidato, o professor Marcelo Neves, que dá aulas no Instituto de Direito Público (IDP), de propriedade de Mendes. A pedido de Mercadante, o presidente do STF encaminhou uma carta ao Senado recomendando a indicação de Neves. O documento foi lido na sabatina do candidato na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na quarta-feira.Nesse movimento, Mendes teve apoio de integrantes do governo, que viram na indicação de Erik Pereira, filho do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Emmanoel Pereira, um caso de nepotismo. Ao analisar o currículo dos três candidatos - também está na disputa o professor André Ramos Tavares -, o governo optou por apoiar Neves e acertou a estratégia com Mendes.Senadores insatisfeitos com a atitude de Mendes passaram a taxar Neves como candidato do STF, e não do Senado. Dizem que o candidato da Casa, a quem de fato cabe preencher a vaga, é Pereira e questionam por que o presidente não indicou seu candidato à vaga que será preenchida por um escolhido do tribunal.A confusão deixou o PSDB, principalmente, em situação delicada. O partido não pode recuar no apoio já declarado a Erick Pereira e no acordo com o DEM. Não quer, ao mesmo tempo, ser responsabilizado por uma derrota política de Mendes, indicado ao tribunal pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Por isso, os senadores querem aprovar Pereira com uma diferença de votos que não revele quem foi o responsável por contrariar o presidente do STF.O resultado desse jogo político será anunciado nas próximas semanas. Na quarta-feira, Pereira e Tavares serão sabatinados na CCJ. Se aprovados, vão a plenário.NEPOTISMO Para rebater o argumento de que sua indicação configuraria nepotismo,Pereira encaminhou uma carta aos senadores no último dia 13. No texto, afirma que, por ser uma eleição, sua escolha não pode configurar um caso de nepotismo. Lembra ainda que integrantes da composição atual do conselho têm parentes na magistratura. Seria o caso, por exemplo, do conselheiro Antonio Umberto e do ex-integrante do conselho Cláudio Godoy. Pereira adianta que não julgará processos que envolvam seu pai se eventualmente chegarem ao CNJ.
fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090524/not_imp375997,0.php
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Para quem serve uma manifestação pacífica?
Gustavo Amora*
Em meio aos escândalos que se sobrepõem uns aos outros cotidianamente, chamou a atenção do país para uma discussão entre dois Ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. O que diferencia este episódio de outros “bate-bocas” entre autoridades ocorridos anteriormente é que as duras críticas do Ministro Joaquim Barbosa refletiam algo como um clamor popular. Se avaliarmos o histórico do Ministro Gilmar Mendes no judiciário brasileiro, fica fácil perceber que muito além daquela empáfia que tanto incomoda o cidadão comum, o Presidente da mais alta corte do país já havia ultrapassado suas atribuições há bastante tempo. Seja quando se aliou aos mandos e desmandos da política local do seu Estado de origem, ou quando defendeu grandes especuladores nacionais e internacionais, institucionalizando o que o Brasil tem de mais absurdo, que é a convivência de pessoas/categorias infra e supraconstitucionai s. Na visão de Plínio de Arruda Sampaio, enquanto a Constituição não faz sentido para 80 milhões de pobres e miseráveis (infraconstiticiona is), que não têm acesso aos direitos mínimos da cidadania como saúde, transporte, segurança e educação de qualidade, os ricos operadores do mercado financeiro podem se considerar pessoas acima das leis, isto é, muito mais do que ilegais, mas sim supraconstitucionai s, em virtude da sua condição social.
Cidadania pela metade em convivência com a cidadania que paira acima das leis não é novidade aqui na periferia do capitalismo, mas o advento trazido pelo atual Presidente do STF é a afirmação sob o ponto de vista democrático deste tipo de prática, algo que antes se dava apenas “por baixo dos panos”. Neste sentido, a resposta do Ministro Joaquim Barbosa pode ser lida como um manifesto republicano, que seria uma tentativa de devolver a ilegalidade ao seu espaço de origem, de banditismo, e afirmar que o país está buscando romper com os valores do corporativismo, clientelismo e patrimonialismo e não naturalizá-los. Talvez por isto, o protesto solitário de um Ministro igualmente solitário tenha sido o estopim para um reclame popular que culminou com uma manifestação pacífica realizada na praça dos três poderes do último dia 06/05/09.
O que surpreendeu neste caso, foi o silencio generalizado das autoridades e da mídia grande (poderia soar elogioso dizer grande mídia) sobre o ato. Pouco mais do que uma nota nos principais jornais, algumas delas com recursos de desqualificaçã o embutidos, como quando apresentaram o protesto como sendo uma manifestação de deputados do PSOL e estudantes da UnB. Não obstante, a postura do próprio Presidente do STF sobre a repercussão de suas atitudes é reflexo do momento que estamos vivendo. Ao afirmar que as manifestações eram naturais e que o qualificavam como figura pública democrática, já que o tribunal que ele preside havia autorizado manifestações naquela praça, o ministro se igualou a outra figura pública não menos rejeitada, George W. Bush, que em visita oficial ao Reino Unido se referiu a um protesto que reuniu milhões de pessoas em Londres contra a guerra do Iraque como sendo a grande justificativa para a invasão do Iraque, em suas palavras, eles estariam atacando o Iraque para garantir que a população daquele país também tivesse liberdade para no futuro ir às ruas protestar contra o seu próprio governo.
Guardadas as proporções, a constatação que se depreende é que o sistema político, do modo como está instituído atualmente, não oferece mecanismos institucionais para que se promova qualquer mudança importante na política. A resposta de alguns setores da academia para este dilema são teorias conservadoras de base neomaquiaveliana, que ao serem reinterpretadas para a realidade brasileira, buscam naturalizar o descompasso entre representantes e representados ao naturalizar as práticas personalistas como sendo um traço da cultura brasileira, algo como que uma tradição popular refletida fidedignamente em nossos representantes. Por outro lado, existe outro caminho, progressista, que busca compreender e reivindicar (ao mesmo tempo) uma alternativa para o Brasil, e repactuar suas relações com Estado e a sociedade a fim de firmar um compromisso republicano que coloque de lado as práticas e valores de um Estado patrimonialista.
Caso isto não ocorra, o que será possível fazer quando a população concluir que não existem de fato mecanismos de transformação dentro dos procedimentos democráticos convencionais, em outras palavras, o que fazer quando uma manifestação pacífica não for mais suficiente? Antes que isto ocorra, é necessário repactuar relações, perfis de conduta e os procedimentos democráticos. O momento pede que a classe política ouça a voz das ruas e se comprometa com uma nova postura. Se existe alguma janela dentro da democracia brasileira, ela está sendo aberta pela sociedade. O que pessoas como o Ministro Gilmar Mendes precisam fazer é sair às ruas.
*Gustavo Amora é Mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Novo Hit!!!!
Viva o STF! Sem o Gilmar, é claro!
Daniel Dantas acaba de perder sua primeira ação no STF!
Infelizmente para o maior banqueiro do país e felizmente para o povo brasileiro, o processo não foi distribuído para o amigo do banqueiro Gilmar Mendes!
Vejam a reportagem no site do Supremo: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=108180&tip=UN
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Abaixo-assinado Saia Gilmar
sábado, 9 de maio de 2009
Amigos e Inimigos: OAB apóia que Gilmar saia às ruas
Como diria Gilmar Dantas "A gente se qualifica pelos amigos que tem e pelos inimigos que cria" ao responder nosso ato, Nós, POVO BRASILEIRO do Movimento Saia às Ruas estamos bem qualificados, tendo como inimigo o ministro mais criticado e repudiado da história do STF, o primeiro com processos de improbidade administrativa, o primeiro a sofrer pressão pública contra sua presidência.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) criticou hoje, através de nota, a declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, de que os juízes precisam enfrentar a opinião pública e “não devem consultar o sujeito da esquina”. Para o presidente da entidade, Cezar Britto, os magistrados, “não podem viver encastelados em torres de marfim e distantes da realidade das ruas”. Segundo a nota, o advogado “atua como um porta-voz das ruas nos tribunais, pois ele é o primeiro a sentir os efeitos da morosidade judicial, da burocracia e da arrogância de alguns juízes”. Britto disse que se não fosse necessário enfrentar a opinião pública, “a OAB não teria ido às ruas, ao lado da sociedade civil organizada, pedir o impeachment de um presidente da República corrupto” e nem “teria gritado pelas liberdades democráticas e pelas Diretas Já”. Informações do site O Globo e site Política Livre, link.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
SAIA ÀS RUAS em sua cidade!!!
Amigos,
Agora é a hora de nacionalizar por completo nosso movimento! Nós aqui de Brasília começamos com uma manifestação de 10 pessoas e conseguimos, só com a indignação popular, juntar 3000 em duas semanas! Os atos por aqui vão continuar, cada vez mais exigindo que Gilmar escute o povo e saia as ruas e não volte ao STF! Porém é fundamental que o movimento seja maior em todo o país, para demonstrar a indignação nacional.
Em São Paulo, o pessoal começou com um bom exemplo, já começaram maiores que aqui em Brasília com um primeiro ato com quase 50 pessoas! Precisamos que você também se junte, contacte sua faculdade, seus colegas de emprego, sua família, entidades sociais que queiram lutar por um país republicano!!!!
Se estiver em São Paulo, por exemplo, mande um email para João Gomes (folico@gmail.com) e ajude-os a organizar uma reunião para marcarmos mais vígilias!
Se estiver em Minas Gerais, mande um email para Laura Furquim (laurafwxavier@uol.com.br).
Se estiver na Bahia, mande um email para Paula (paula.pac@hotmail.com) ou para Marcus (vini__lima@hotmail.com).
Se estiver no Paraná, mande um email para o Marcos (mr.mrp1@gmail.com).
Esperamos mais contatos de quem se prontificar a ajudar ou a coordenar nesses ou em outros Estados! Temos que ter gente passando o recado das ruas em todo o país!!!!!! Mande um email para saiagilmar@gmail.com ou mesmo envie um comentário neste post dizendo seu Estado e Cidade e publicaremos no Blog! O poder do povo vai fazer um país novo!
Gilmar comentou o ato
Em seu eterno tom arrogante (o povo "pensa" que sabe), Gilmar condenou o ato, dizendo que não se deve ouvir as ruas, ou o povo, pois o Imperador sabe o que é melhor para o povo, inclusive mais do que o próprio povo:
Vamos ouvir as ruas para saber o que o povo pensa saber? O que o povo pensa sobre a concessão do habeas corpus? Isso é um problema. Não se dá independência a um juiz para que ele ficar consultando um sujeito na esquina.
O que você responderia a ao Gilmar Dantas?
- Por que não se pode ouvir o povo, mas se pode ouvir a executiva do Democratas e passar o natal com o advogado do Daniel Dantas, escutando a noite inteira seus desejos de ano novo?
- E se não pode ouvir o povo, o juiz pode falar fora dos autos, condenando antecipadamente movimentos sociais que deverá julgar posteriormente de forma imparcial?
- E os outros ministros do Supremo, como Joaquim Barbosa, ele também não deve ouvir?
- Quem paga o salário dele (pelo menos o declarado) é o povo ou os que ele vem ouvindo para dar dois habeas corpus em menos de 24horas, como nenhuma outra corte do mundo inteiro já fez?
Luis Nassif respondeu bem:
O problema do Gilmar não é resistir ao clamor das ruas na defesa dos direitos individuais. Isso é mérito em juízes. O problema é tripudiar sobre a opinião pública, é a completa falta de pudor em ser Ministro do STF e empresário, em abrir os salões do Supremo para apaniguados, em usar o poder de Príncipe para pressionar juízes de primeira instância ou fazer política em Mato Grosso, em montar um conluio imoral com a mídia, aceitando endossar falsificações.
O próprio Gilmar "Dantas" Mendes traduziu para português um clássico jurídico do professor alemão Peter Haberle, em que o autor explicita:
"no processo de interpretação constitucional estão potencialmente vinculados todos os órgãos estatais, todas as potências públicas, todos os cidadãos e grupos, não sendo possível estabelecer-se um elenco cerrado ou fixado com numerus clausus de intérpretes da Constituição."
O que houve, Gilmar, você traduziu errado? Ou vai fazer como seu ex-chefe e dizer "esqueçam o que escrevi", ou melhor "esqueçam o que traduzi"....
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Repercussões do Ato
Foram muitas, então postaremos só algumas, para quem quiser analisar:
Mande sua mensagem ao Gilmar Dantas
Amigos brasileiros,
Conforme anunciado ontem, vamos tentar passar nosso recado para o Ministro Gilmar Dantas de forma que ele responda.... Por isso, indicamos, conforme anunciado no ato ontem, que passemos nosso recado "saia às ruas, Gilmar Dantas, e não volte ao STF!" por e-mail.
Segue o e-mail do Gilmar: mgilmar@stf.gov.br. Esperamos aos milhares as comunicações!
Movimento Saia às Ruas
Vìdeo sobre a noite inesquecível
Ato em São Paulo!!
O Ato em São Paulo simultâneo a Brasília foi também um sucesso! E foi o primeiro de muitos, com certeza!!! Parabéns a cada cidadão e cidadã que estava ontem acendendo velas na Avenida Paulista para iluminar o Judiciário! Parabéns à terra de Fausto de Sanctis, na vanguarda da luta por um judiciário democrático!!!!
Mais informações no blog FolhadeMacondo
Uma noite inesquecível, por Leandro Fortes
Quis o destino que a tertúlia do Conjur, montada para dar um ar de naturalidade a uma noite de protestos anunciados, surtisse um efeito perversamente oposto, alçada que foi a farra a pano de fundo perfeito para as luzes de milhares de velas acesas em frente ao STF. Graças ao convescote, os manifestantes puderam perceber a presença física, ainda que à distância, de Gilmar Mendes. Àquela altura, o presidente do STF já estava amargamente arrependido de ter apostado no fracasso da manifestação. Mais cedo, ele havia relegado o movimento a uma ação de inimigos dos quais, em mais uma de suas declarações infelizes, disse se orgulhar. Com Mendes na mira, vieram as palavras de ordem, gritadas a pleno pulmão. Ele ouviu.
Coisa linda é uma manifestação noturna com 10 mil velas. Pelo menos duas mil pessoas passaram pela Praça dos Três Poderes para participar, olhar ou só constatar o que estava acontecendo em meio àquela alegre balbúrdia de luz. Os carros normalmente indiferentes ao rush da capital federal buzinavam, em apoio aos manifestantes. Pessoas desciam dos ônibus para prestar solidariedade. Ele viu.
Que ninguém se engane. Esta noite, algo se quebrou em Brasília.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O Povo iluminando o Judiciário
Hoje, pela primeira vez na gestão do Gilmar Dantas, o STF estava iluminado!!!! A imprensa foi embora cedo, mas foram mais de 3.000 pessoas, com certeza! Quem estava lá, viu!! O povo todo, estudantes, advogados, juízes, servidores públicos, movimentos sociais, partidos políticos, jornalistas, professores, todo mundo pedia que Gilmar saia às ruas e não volte nunca mais!!!!!!
O ATO FOI LINDO!!! PARABÉNS AO POVO BRASILEIRO!!
O Ato foi lindo!!!! Lindo a Praça dos 3 Poderes TOTALMENTE iluminada! O povo gritando e exigindo que o Ministro que soltou o banqueiro(!!!), que pré-julgou preconceituosamente os movimentos sociais, que humilha o Ministério Público e os juízes de primeira instância, que é latifundiário e tem capangas no Mato Grosso, que age de forma completamente autoritária a cada plenário do Supremo, saisse a rua e não voltasse mais para lá!!!
Ainda estamos na ressaca democrática do ato, amanhã colacionamos toda a impressa que falou sobre ele.. Por enquanto, para quem não foi, sinta um pouco do orgulho republicano que nós estamos tendo essa noite, vendo esse vídeo nesse link. Dá para sentir um pouco da esperança de um judiciário iluminada sem Gilmar Dantas!
terça-feira, 5 de maio de 2009
TODO O BRASIL ESTÁ ILUMINADO!!!!
Gilmar gagueja ao falar do seu amigo Daniel Dantas
Entrevista do Movimento Saia às Ruas
É amanhã!!!!!!!!!!!
Amigos e amigas, concidadãos e concidadãs, Povo Brasileiro!
É amanhã!!!! É a nossa oportunidade de mostrar nossa indignação! E nossa oportunidade de sair às ruas e dizer NÃO a um Judiciário monarquista, elitista e autoritário!!! Dizer NÃO a um Judiciário que só trabalha para corruptos! Dizer NÃO a um judiciário parcial! Dizer NÃO a Gilmar Mendes!!!!
E trazer o Novo! Uma nova LUZ, vinda das ruas! A sua LUZ que vai democratizar a justiça brasileira!!! Vamos fazer nossa justiça finalmente sair da ditadura militar e entrar na nova república! A minha, a sua, a nossa República!
É amanhã! Não perca a oportunidade de expressar o seu direito! Venha, com uma singela vela, na praça dos três poderes dizer que Você também não é um Capanga do Gilmar!!!!
É agora, que esse país muda e dá um passo gigantesco para o fim do coronelismo no Poder Judiciário! Amanhã, Quarta, dia 6 de Maio, na frente do STF, às 19hrs.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Comunidade no Orkut
Acessem http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=87743760
Recordar é viver - Gilmar, torturas e ditaduras
Lembrando que, na crise sobre a Lei de Anistia e a possibilidade de levarmos os torturadores militares do regime militar aos tribunais , Gilmar Mendes, o "Dantas" jurídico, foi taxativo:
O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, afirmou, inclusive, que não somente os militares poderiam ser punidos pelos crimes praticados no período. Militantes de esquerda também poderiam ser punidos e que terrorismo também era imprescritível.
Para o presidente do STF, em resumo, não tinha diferença entre o militar que torturou e enriqueceu na ditadura e o estudante que assaltou um banco para organizar a resistência a ditadura... Antecipou seu voto novamente pela mídia e, lá, destruindo a imagem do Judiciário brasileiro, afirmou que podem ficar tranquilos, senhores militares torturadores, Gilmar Dantas estará pronto a defendê-los...
Fonte.
Uma vela na janela
Em Belo Horizonte, amigos de um judiciário límpido, ético, republicano e democrático estão se preparando para colocar uma vela na janela às 19 horas em apoio ao ato em Brasília e pela saída do presidente-coronel do STF... Será um movimento espontâneo de cidadãos indignados!!!
Participe você também!!!! Seja em Belo Horizonte, seja no Rio de Janeiro, seja em São Paulo, seja em qualquer lugar do País !!!!
Entre você também ILUMINANDO o Judiciário!!
Contatos com Laura laurafwxavier@uol.com.br
sábado, 2 de maio de 2009
Capangas do Mato Grosso
25 perguntas a Gilmar Mendes
sexta-feira, 1 de maio de 2009
O àspero diálogo e a opinião das ruas - Mauro Santayana
O presidente do STF, interrompida a reunião, deveria ter deixado seus pares à vontade para examinar o incidente, como fez Joaquim Barbosa, ao ir para casa. Gilmar, ao reunir os colegas em seu próprio gabinete, constrangeu-os com a sua presença. E se não fosse, conforme o noticiário de ontem, a posição da ministra Cármem Lúcia e dos ministros Ricardo Lewandowski e Ayres Britto, Gilmar deles teria obtido manifestação de repúdio a Joaquim Barbosa.
O incidente de quarta-feira reabre a necessária discussão sobre o processo de escolha dos juízes do STF. Selecionado por ato presidencial, o candidato é aprovado ou reprovado pelo Senado – mas não há notícia, no Brasil, de que alguém tenha sido rejeitado. Um juiz do STF dispõe de tal poder que seria necessária outra legitimidade, além da escolha presidencial e da aprovação do Senado, para a sua nomeação.
O Senado norte-americano é mais cuidadoso na aprovação dos candidatos à Suprema Corte, e a imprensa, consciente de sua responsabilidade, os submete ao escrutínio da opinião pública. Um grande jurista conservador, Robert Bork, indicado por Reagan, em 1987, foi rejeitado (58 votos a 42), depois de ampla discussão pública, em que intervieram contra seu nome a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) e personalidades destacadas, como o ator Gregory Peck. Defensor declarado dos trustes, Bork foi contestado também pelas outras posições conservadoras. Edward Kennedy o arrasou em discurso no Senado. A América de Bork – disse Kennedy – será aquela em que a polícia arrombará as portas dos cidadãos à meia-noite, os escritores e artistas serão censurados, os negros atendidos em balcões separados e a teoria da evolução proscrita das escolas.
A discussão sobre Bork – que havia sido cúmplice de Nixon no caso Watergate – levou o senador Joe Biden, hoje vice-presidente de Obama e então presidente do Comitê Judiciário daquela casa, a recomendar a rejeição de seu nome. O Biden Report foi aceito pelo Plenário, e Bork não foi aprovado. O caso foi tão emblemático que to bork passou a ser verbo.
Mais tarde, em outubro de 1991, o juiz Clarence Thomas por pouco não foi rejeitado, por sua conduta pessoal. Aos 43 anos, ele foi acusado de assédio sexual – mas os senadores, embora com pequena margem a favor (52 votos a 48), o aprovaram, sob o argumento de que seu comportamento não o impedia de julgar com equidade. Na forte campanha contra sua indicação as associações femininas se destacaram. E o verbo “borquear” foi usado por Florynce Kennedy, com a sua palavra de ordem “we’re going to bork him”.
A indicação do ministro Gilmar Mendes, como se recorda, foi contestada por juristas e alguns jornalistas. O jurista Dalmo Dallari foi incisivo: “Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”. E lembrou que Gilmar recomendara ao Poder Executivo desrespeitar decisões judiciais.
Os fatos estão demonstrando que Dallari tinha razão. A normalidade constitucional está ameaçada pelos atos autoritários do presidente do STF, que, com arrogância, dita normas aos outros dois poderes da República e não tem sido devidamente contido por eles, que aceitaram firmar um Pacto republicano proposto pelo juiz. Pacto republicano é o da Constituição.
Gilmar foi membro do gabinete de Fernando Collor. Advogado-geral da União no governo de Fernando Henrique Cardoso, criticou o STF e se comprometeu na redação de medidas provisórias discutíveis. Sua aprovação tampouco foi fácil: teve 15 votos contrários, a maior rejeição registrada em indicações semelhantes.
Enquanto não houver critérios mais democráticos para a aprovação de indicados ao STF, o Senado deverá, pelo menos, ouvir a opinião da sociedade em audiências públicas, como faz antes de outras decisões.
6 juízes federais de SP quiseram calar quem prende Dantas
. Gilmar (e) Dantas não conseguiram enforcar o corajoso Juiz Fausto De Sanctis.
. 8 a 6 !
. Seis juizes federais do Tribunal Regional Federal de São Paulo tentaram calar um juiz que prende criminosos do colarinho branco segundo seu melhor juízo de defensor da Lei.
. Jamais se viu uma pressão tão poderosa partir de um Presidente da Suprema Corte contra um juiz de primeira instância.
. Um Ministro do Supremo que trata os colegas como se fossem seus capangas, que comprometeu a credibilidade da Justiça no Brasil e se confere o direito de telefonar a uma governadora de estado para defender, de novo !!!, Daniel Dantas !!!
. Que país é esse ?
. O que queria Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat ?
. Humilhar e subjugar de forma irremediável a justiça de primeira instância ?
. Remeter as causas dos brancos e ricos, de olhos azuis às instâncias em que tem “facilidades” ?
. Submeter e fechar as varas que combatem o crime do colarinho branco ?
. O que queria Gilmar Dantas (segundo Noblat) ?
. Consumar um Golpe de Estado de Direita, com a mão de gato do PiG (*) ?
. Julgar juiz que condena rico por “indisciplina” ?
. Prender rico é uma fria ?
. Amedrontar os juizes de primeira instância ?
. Felizmente, por um triz, o Supremo Presidente não enforcou De Sanctis.
. Parece que Ele manda no Tribunal Regional de São Paulo menos do que Ele pensava.
. Um juiz, De Sanctis, que decidiu segundo seu melhor juízo.
. O Supremo Presidente do Supremo perseguiu um juiz que tem uma carreira de que os brasileiros se orgulham.
. Por que o Supremo Presidente, ao contrário, não vai às ruas, como sugeriu Joaquim Barbosa, e testa como os brasileiros o respeitam ?
. Onde já se viu um Presidente da Corte Suprema perseguir um juiz de primeira instância com a ferocidade que Gilmar Dantas (segundo Noblat) dedica a Fausto de Sanctis ?
. Nem tudo está perdido.
. É uma vergonha para o Brasil que um juiz como De Sanctis tenha que se submeter ao que ele já se submeteu.
. De Sanctis teve que se submeter a uma CPI de Amigos de Dantas, em que o Presidente da CPI foi financiado pelo sócio de Dantas.
. Um juiz que teve que depor como réu num processo sobre um grampo sem áudio.
. Cadê o áudio, Ministro Gilmar ?
. Cadê o áudio, Dr. Luiz Fernando Corrêa, o senhor que é acusado de torturar uma mulher, cadê o áudio, Dr. Corrêa ?
. De Sanctis sofreu a pressão do próprio Tribunal Regional Federal de SP, que queria “promovê-lo”, para que não julgasse Dantas.
. Um juiz que sofreu a pressão de três policiais federais, que, no dia em que decretou a prisão de Dantas, foram ao gabinete dele tentar demove-lo.
. Que país é esse ?
. Que democracia é essa ?
. Paulo Lacerda foi degolado por Gilmar Dantas, segundo Noblat, e Nelson Jobim, por causa de um grampo sem áudio.
. Protogenes Queiroz, o inclito delegado, também degolado por esse Golpe de Estado de Direita.
. Sobraram Joaquim Barbosa, De Sanctis e o Ministério Público Federal.
. Até que Gilmar Dantas (segundo Noblat) feche, como pretende, o Ministério Publico Federal.
. Gilmar foi derrotado.
. Ele perdeu uma batalha, mas não a guerra.
. Ele vai voltar para cima de quem tentar prender brancos, ricos, de olhos azuis.
. Aí, ele é implacável.
. De Sanctis se salvou.
. E o Brasil se rejubila.
. E cumprimenta esse homem de coragem: Fausto de Sanctis
Manifesto do Movimento Saia às Ruas
Luz em nossa democracia inacabada
Há 30 anos o Brasil iniciou um processo árduo de transição democrática. Combatemos a ditadura militar a custa de sacrifício, sangue e lágrimas. O povo brasileiro, de maneira direta e contundente, disse não à opressão, não à desigualdade radical, não à pobreza. O símbolo de nossa vitória foi a Constituição de 1988, que estabeleceu as bases de um novo País. Um País que valoriza a participação social, que condena a discriminação de gênero, de raça e de classe. Queremos resgatar o espírito das Diretas! Uma democracia viva é aquela com o povo nas ruas!
O Judiciário é alicerce dos poderes de nossa República. O Supremo, como Corte Constitucional, representa isso em seu grau máximo. Entretanto, o que vimos no último ano foi uma “destruição” na imagem e na credibilidade do Judiciário. O presidente Gilmar Mendes conseguiu colocar a Suprema Corte do País contra o sentimento que está nas ruas! Além disso, contraria o pensamento do próprio tribunal que deixa de decidir como um colegiado e causa um prejuízo ao conjunto do Judiciário Brasileiro que passa a ficar desacreditado.
Nos últimos meses, temos sofrido calados ao dar-nos conta de que algumas das nossas conquistas mais nobres estão sendo ameaçadas. Sofremos porque percebemos que a Justiça ainda trata pobres e ricos de maneira desigual. Sofremos porque notamos que os privilégios de classe e o preconceito contra os movimentos sociais persistem na mais alta corte do Brasil. Nós nos sentimos traídos por quem deveria zelar – e não destruir – (por) nossa democracia: o Presidente do Supremo Tribunal Federal!
Ao libertar o banqueiro
Sabemos que nossa luta não será fácil. No passado recente, lutamos contra a ditadura do Executivo e, a duras penas, vencemos. Lutamos contra a opressão ao Legislativo e pela liberdade da sociedade civil organizada e a nossa força também prevaleceu. Mas não conseguimos por fim ao autoritarismo judicial, hoje encarnado na postura do Ministro Gilmar Mendes. Mantivemos, no centro da democracia brasileira, a mão forte de uma instituição que oprime, que desagrega, que exclui. Chegou a hora de retomar a terceira batalha. O Judiciário ainda não completou sua transição para a democracia e a maior prova disso são as posturas do ministro Gilmar Mendes que ofendem e indignam a vontade da população.
O ministro Gilmar Mendes representa um autoritarismo e uma polêmica partidária-ideológica que não coadunam com a nova luz democrática que as ruas querem para este tribunal. Você se lembra de algum partido político que lançou uma nota em apoio a algum presidente do Supremo em outro momento desse país como fez o DEM? Como esse ministro irá julgar agora os processos contra esse partido? Essa partidarização das questões nas quais o ministro Gilmar Mendes está envolvido mina sua credibilidade como juiz isento e imparcial.Sua saída indicaria renovação e o fim de atitudes coronelistas e suspeitas infindáveis que recaem sobre ele (ver abaixo “SUSPEITAS QUE RECAEM SOBRE GILMAR MENDES”)
Por isso, a voz das ruas está pedindo a saída do presidente do STF Gilmar Mendes. Não admitimos mais a presença de juízes que não tenham imparcialidade, integridade moral, espírito democrático-republicano e reputação ilibada para decidir nesta corte. Uma nova luz, democrática e ética deve surgir no STF!
Nas ruas e nos campos, nas capitais e no interior deste País, milhões de brasileiros escondem uma dor cortante dentro de si. Nossa dor é uma dor moral, que nos corrói a alma e nos aperta o coração. Sofremos por nossa democratização inacabada expressada no presidente do Supremo que, a pretexto de defender direitos individuais, criminaliza movimentos sociais e beneficia banqueiros poderosos. A garantia dos direitos individuais não pode tornar-se desculpa para a impunidade reinante. Já que a soberania emana do povo, perguntem às ruas! Ministro Gilmar Mendes, você nos envergonha como povo! Precisamos de ministros que sejam respeitados pela maioria da população e tenham reputação ilibada. Precisamos de mentes que, além de técnicas, sejam democráticas e éticas.
É por isso que estamos aqui, em uma vigília por um novo amanhecer, para devolver ao Brasil a liberdade que nos tentam roubar. Não haverá uma nova luz sobre o Judiciário, enquanto não terminarmos a luta que o povo brasileiro começou há 30 anos. Chegou a hora de concluir a transição democrática, de sair às ruas e iluminar a nossa história com novo choque de liberdade. O povo já tirou o Collor e tirará Gilmar Mendes!
Saia às ruas Gilmar Mendes e não volte ao STF! Viva o povo brasileiro!
Movimento Saia às Ruas.
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