segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dantas e as ligações com a mídia

Texto retirado do Blog do Nassif

Roberto Amaral, Daniel Dantas e a mídia

Bob Fernandes

Os intestinos do Brasil. (Tomo II)

Roberto Figueiredo do Amaral é homem conhecido nos circuitos do grande Poder. Entre políticos, empresários e jornalistas, por exemplo. Foi dirigente da construtora Andrade Gutierrez por pelo menos duas décadas. Em sua denúncia o procurador da República Rodrigo De Grandis o cita por “formação de quadrilha e organização criminosa e lavagem de dinheiro”. E descreve como Amaral foi contratado por Daniel Dantas e seu Opportunity para prestar assessoria em “assuntos sensíveis” do Grupo Opportunity.

Na relação de serviços, escreve De Grandis, se tinha “o contato com políticos, a viabilização de publicação de notícias no interesse da quadrilha e a consultoria e efetiva implementação por intermédio de William Yu (NR: doleiro), de movimentações financeiras no exterior”.

A análise de HDs apreendidos na casa de Roberto Amaral levou às conclusões do Procurador. Segundo a denúncia, Amaral e Dantas utilizavam-se de codinomes em suas conversas eletrônicas. O dono do Grupo Opportunity, que tem olhos azuis e pelos mais próximos chamado de Frank (de Frank Sinatra), é por Amaral tratado de OVS (Olhos verdes Sensuais) ou DD (de Daniel Dantas) e chama Roberto Amaral de “Rogério” ou “Rogério Antar”.

Em um dos trechos destacados Daniel Dantas ordena:

- DAÍ SAIRIA UMA MATÉRIA PAGA DE 7 ITENS, AGORA NA 1ª PAG. DOS JORNAIS, POIS O ESTRAGO AUMENTOU; (…)ACHO QUE DE ESTRATÉGIA E SACANAGEM ENTENDO UM POUCO, PELO AMOR DE DEUS: AJA e JÁ.

Segundo o Ministério Público Federal (que deverá aprofundar investigações quanto ao capítulo mídia) Roberto Amaral tinha assessoria paga por Dantas e pagava a jornalistas. O Procurador De Grandis, com base na documentação apreendida, cita dois: Giba Um e Claudio Humberto.

Em um email Roberto Amaral cobra de Daniel Dantas US$ 250 mil, valor este correspondente ao mês de maio de 2002. Relata o MPF a correspondência de “roberto amaral” para “OVS”:

- DD: Constrangido pergunto: Vc não acha apropriado, já que estamos em 19 de junho, mandar depositar os 250.000 dólares em minha conta, referente ao mês de maio? O Reinaldo está à disposição para assinar. O Contrato que vc está elaborando, sugiro fazer o depósito e assinar o contrato depois.

Diz o procurador que o jornalista Gilberto Di Pierro, conhecido como Giba Um, publicava matérias em seu site.

Afirma o MPF:

- (…) Apurou-se que Daniel Dantas planejava em conluio com Roberto Amaral, uma forma de divulgação de gravações de interceptações telefônicas (as chamadas “atas”) as quais teriam como principais interlocutores Nelson Tanuri(NR: controlador de grupos de mídia, como Jornal do Brasil, e até há pouco o diário Gazeta Mercantil) e Bruno Ducharme (NR: da empresa de telecomunicação canadense TIW, ex-sócia do Opportunity).

Diz o procurador que Daniel Dantas e Roberto Amaral, em 8 de abril de 2002, cogitaram, por exemplo (o texto e a não acentuação é dos interlocutores):

- Rogério. Quanto a reserva de spaco acho melhor que nao seja GIBA, ele estara publicano as atas e nao gostaria de deixar nenhum elo de ligacao, alem disso foi ele que publicou a transcricqao da materia de Colanino que fomos questionados e neguei a publicacao. Podemos depois de colocar uma coisa com ele mas nao gostaria de deixar pista no segundo assunto. Inclusive porque perco a validade da segunda evidencia.

Arremata o procurador em sua denúncia:

- As gravações foram publicadas (o MPF não especifica por quem) e posteriormente utilizadas por Daniel Dantas em benefício do grupo Opportunity.

Diz ainda o procurador De Grandis que, em mensagem eletrônica de 5 abril de 2002, Roberto Amaral cobra de Daniel Dantas o pagamento de valores para si e para o jornalista Giba Um. Reprodução do texto:

- Daniel, espero que vc tenha, como me falou, de ter mandado pagar os 50.000 e mandado separa-lo do CH a partir de março (20.000 para CH e 5.000 para o GIBA). O CH está de acordo. Isso já foi tratado entre nós.

A denúncia do procurador reproduz na íntegra muitos textos de igual teor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Manifesto do Movimento Saia às Ruas

Luz em nossa democracia inacabada

Há 30 anos o Brasil iniciou um processo árduo de transição democrática. Combatemos a ditadura militar a custa de sacrifício, sangue e lágrimas. O povo brasileiro, de maneira direta e contundente, disse não à opressão, não à desigualdade radical, não à pobreza. O símbolo de nossa vitória foi a Constituição de 1988, que estabeleceu as bases de um novo País. Um País que valoriza a participação social, que condena a discriminação de gênero, de raça e de classe. Queremos resgatar o espírito das Diretas! Uma democracia viva é aquela com o povo nas ruas!

O Judiciário é alicerce dos poderes de nossa República. O Supremo, como Corte Constitucional, representa isso em seu grau máximo. Entretanto, o que vimos no último ano foi uma “destruição” na imagem e na credibilidade do Judiciário. O presidente Gilmar Mendes conseguiu colocar a Suprema Corte do País contra o sentimento que está nas ruas! Além disso, contraria o pensamento do próprio tribunal que deixa de decidir como um colegiado e causa um prejuízo ao conjunto do Judiciário Brasileiro que passa a ficar desacreditado.

Nos últimos meses, temos sofrido calados ao dar-nos conta de que algumas das nossas conquistas mais nobres estão sendo ameaçadas. Sofremos porque percebemos que a Justiça ainda trata pobres e ricos de maneira desigual. Sofremos porque notamos que os privilégios de classe e o preconceito contra os movimentos sociais persistem na mais alta corte do Brasil. Nós nos sentimos traídos por quem deveria zelar – e não destruir – (por) nossa democracia: o Presidente do Supremo Tribunal Federal!

Ao libertar o banqueiro Daniel Dantas e criminalizar os movimentos populares, o Ministro Gilmar Mendes revela a mesma mentalidade autoritária contra a qual lutamos nos últimos 30 anos. O Brasil já não admite a visão achatada da lei, aplicada acriticamente para oprimir os mais fracos. O Brasil já não atura palavras de ordem judiciais – como “estado de direito”, “devido processo legal” ou “princípio da legalidade” – apresentadas como se fossem mandamentos divinos para calar o povo. Já não há espaço no Brasil para um Judiciário das elites, um Judiciário das desigualdades.

Sabemos que nossa luta não será fácil. No passado recente, lutamos contra a ditadura do Executivo e, a duras penas, vencemos. Lutamos contra a opressão ao Legislativo e pela liberdade da sociedade civil organizada e a nossa força também prevaleceu. Mas não conseguimos por fim ao autoritarismo judicial, hoje encarnado na postura do Ministro Gilmar Mendes. Mantivemos, no centro da democracia brasileira, a mão forte de uma instituição que oprime, que desagrega, que exclui. Chegou a hora de retomar a terceira batalha. O Judiciário ainda não completou sua transição para a democracia e a maior prova disso são as posturas do ministro Gilmar Mendes que ofendem e indignam a vontade da população.

O ministro Gilmar Mendes representa um autoritarismo e uma polêmica partidária-ideológica que não coadunam com a nova luz democrática que as ruas querem para este tribunal. Você se lembra de algum partido político que lançou uma nota em apoio a algum presidente do Supremo em outro momento desse país como fez o DEM? Como esse ministro irá julgar agora os processos contra esse partido? Essa partidarização das questões nas quais o ministro Gilmar Mendes está envolvido mina sua credibilidade como juiz isento e imparcial.Sua saída indicaria renovação e o fim de atitudes coronelistas e suspeitas infindáveis que recaem sobre ele (ver abaixo “SUSPEITAS QUE RECAEM SOBRE GILMAR MENDES”)

Por isso, a voz das ruas está pedindo a saída do presidente do STF Gilmar Mendes. Não admitimos mais a presença de juízes que não tenham imparcialidade, integridade moral, espírito democrático-republicano e reputação ilibada para decidir nesta corte. Uma nova luz, democrática e ética deve surgir no STF!

Nas ruas e nos campos, nas capitais e no interior deste País, milhões de brasileiros escondem uma dor cortante dentro de si. Nossa dor é uma dor moral, que nos corrói a alma e nos aperta o coração. Sofremos por nossa democratização inacabada expressada no presidente do Supremo que, a pretexto de defender direitos individuais, criminaliza movimentos sociais e beneficia banqueiros poderosos. A garantia dos direitos individuais não pode tornar-se desculpa para a impunidade reinante. Já que a soberania emana do povo, perguntem às ruas! Ministro Gilmar Mendes, você nos envergonha como povo! Precisamos de ministros que sejam respeitados pela maioria da população e tenham reputação ilibada. Precisamos de mentes que, além de técnicas, sejam democráticas e éticas.

É por isso que estamos aqui, em uma vigília por um novo amanhecer, para devolver ao Brasil a liberdade que nos tentam roubar. Não haverá uma nova luz sobre o Judiciário, enquanto não terminarmos a luta que o povo brasileiro começou há 30 anos. Chegou a hora de concluir a transição democrática, de sair às ruas e iluminar a nossa história com novo choque de liberdade. O povo já tirou o Collor e tirará Gilmar Mendes!
Saia às ruas Gilmar Mendes e não volte ao STF! Viva o povo brasileiro!

Movimento Saia às Ruas.


Seguidores